Tudo que escrevemos

Isto sinto e isto escrevo Perfeitamente sabedor e sem que não veja Que são cinco horas do amanhecer e que o sol , que ainda não mostrou a cabeça Por cima do muro do horizonte, Ainda assim já se lhe vêem as pontas dos dedos Agarrando o cimo do muro Do horizonte cheio de montes baixos. Fernando Pessoa

segunda-feira, outubro 30, 2006

Sossego



Cansei do seu mundo limitado como baratas fugindo do detefon
Das suas mesmas crises e sentenças que só nos levam a inércia
Do seu silêncio acusador
Da sua memória que de tão sentimental
Não dá espaço para mais ninguém
Quero voar livre destes enfados e perto dos meus sonhos
Próxima a minha alma que acorda para deixar a sua dormir
Descanse em paz.
Silvia B.

sábado, outubro 28, 2006

Dias Felizes



"Oh, eu queria tanto que você se lembrasse, Dos dias felizes quando nós éramos amigos, Nesse tempo, a vida era mais bela, E o sol queimava mais que hoje.As folhas mortas são colhidas com uma pá.Você vê, eu não me esqueci.As folhas mortas são colhidas com uma pá, As lembranças e os arrependimentos também, E o vento do norte as leva, Na noite fria do esquecimento.Você vê, eu não me esqueci, Da canção que você cantava... É uma canção que parece com a gente, Você que me amava, eu que te amava.Nós vivíamos, os dois, juntos, Você que me amava, eu que te amava.E a vida separa aqueles que se amam, Levemente, sem fazer barulho.E o mar apaga, sobre a areia, Os passos dos amantes separados.Nós vivíamos, os dois, juntos, Você que me amava, eu que te amava.E a vida separa aqueles que se amam, Levemente, sem fazer barulho.E o mar apaga, sobre a areia, Os passos dos amantes separados..."(Jacques Prévert)

quarta-feira, outubro 25, 2006

NÃO SEI... Não sei... se a vida é curta... Não sei... Não sei... se a vida é curta ou longa demais para nós. Mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo: é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira e pura... enquanto durar. (Cora Coralina)

domingo, outubro 22, 2006

Rainha D´Alma

Rainha D´Alma
Momento de respirar o fluxo noturno.
Respiro fundo,
inerte ao som dos meus murmúrios.
Retirante D´Alma
Reprimida, desconfiada do outro
Este outro que não se traduz mais como amante, amigo e aos poucos se torna um desconhecido.
Da minha compostura nada sobrou,
Me sinto sem eixo
O fio condutor de tão tênue se desfez como nós de gravatas antigas,
Os lencóis brancos e os sonhos
são meus companheiros .
Necessito das estrelas
Três gerações já estão mortas
Silvia Carvalho

Receio ter perdido muito tempo com o desconhecido

Tempo amigo,simples assim

Receio ter perdido muito tempo com o desconhecido,
e pouco com o amigo.
Recrio as minhas paisagens,
utilizo alguns segmentos nostálgicos e fragmentos de visões poéticas.
Reviro tudo.
Me encontro.
Refeita,
plena de significados.
Quero aplaudir a eternidade pela capacidade de regenerar nossos passos.
Recito poemas,
rezo as minhas crenças,
aceito meus temores.
Gosto de acreditar em Deus.
Sou assim,
Simples assim.

Silvia B.

Cantos e desencantos



Contos e desencantos
A minha casa é feita de cantos e contos.
O meu esconderijo secreto é nostálgico e repleto de sedimentos amorfos,
prontos para serem lançados nos rios e esquinas da vida
Os meus sonhos são caprichos de um ego cansado de tantas batalhas e que deseja o outro :
nem que seja por migalhas liquefeitas.
Amores oníricos,
Com suas ausências e presenças,
seus cantos e
tanto desencanto.
Silvia B.

Cheiro de esperança



Cheiro de esperança
Forasteiro,
retirante,
entretido com sua aguardente.
Água que arde,
Ascende,
Incendeia o corpo até de guerreiros dos campos alheios e desconhecidos.
Faço pouco demim,mas não de ti.
Entretida que estou com as minhas letras e números,
mas orgulhosa de conhecer alguns homens que sabem combater os ditos populares,a supertição e a angústia.
Mas, como viver sem nossos idolos e amores?
Seriam tão insignificantes nossas esquinas,
Se não pendurássemos nelas nossas colheitas.
Mas,os homens do mundo não levam seus feitos nas costas
São livres,
para alterar a rota quando lhes convier.
Não temem,
por estarem vazios:
de crenças, de temores, de amores e quem sabe de fé.
Remexo minhas memórias e descubro cores,
a palheta vira um caleidoscópio pronto a dar significados à tela vazia.
Recito os meus versos e dos outros, também.
Encontro as letras, a música e novos coloridos.
Saio do esconderijo , sinto o doce aroma do amanhã .
Com cheiro de esperança.
Silvia B.